terça-feira, 20 de outubro de 2009

Rio ou sao paulo?

Recebi esse texto. bem legal.

Faz mais de um ano que moro em São Paulo. E faz exatamente o mesmo tempo
que escuto a mesma pergunta impossível: Rio ou São Paulo?

Digo impossível para mim, porque para muita gente deve ser facílimo
escolher. Para mim, o Rio é história, São Paulo é novidade. O Rio é
alegria, São Paulo é oportunidade. O Rio é família, São Paulo,
independência. O Rio é beleza, São Paulo é cultura. No Rio, pouco é muito,
em São Paulo, tudo é pouco.

Nos momentos de nostalgia, lembro que no Rio tudo sobra... sobra espaço,
sobram sorrisos, sobra tempo, sobra simpatia. Em São Paulo falta horizonte,
falta leveza, falta flexibilidade, às vezes, falta ar. É fácil ser carioca,
muito fácil. Ser carioca nascido na Zona Sul então, moleza! Calce suas
havaianas, pegue a primeira bolsa-brinde de uma livraria charmosinha, e
chame seus amigos para a praia. Ou melhor: não precisa chamar, aparece lá,
naquele mesmo lugar de sempre, e encontre as pessoas de sempre. Pegue a
mesma cadeira de praia, na mesma barraquinha. Encontre aquele flanelinha
que te cobra os olhos da cara, ou o cara que te vende o coco quente, mas
nada importa porque é o mesmo flanelinha e o mesmo cara do coco quente.
Depois vá à pé comer alguma coisa - carro para quê? -, emende no choppinho,
que pode não estar na capa de nenhuma Veja, mas é Brahma, está perfeito.

Fazendo isso você gastou quase nada, mas aproveitou muito. Relaxou.
Descansou. Pisou na areia. Quem sabe explicar sensação igual a um mergulho
no mar?

Já em São Paulo, se você quiser se divertir, ah, tá cheio de gente disposto
a te levar. Paulistano gosta de sair e gosta mesmo. Seja minimamente
sociável e você terá companhia de segunda a segunda, literalmente. Tem
sempre uma figura querendo te levar para comer "a melhor coxinha de São
Paulo", logo ali depois da "melhor caipirinha de kiwi", tudo isso para
terminar no "melhor lanche de fim de noite". O paulistano aprendeu a ser
anfitrião, e está disposto a te receber, de braços abertos, como o
Redentor. Tem mais: aqui ninguém faz cara de você-só-pode-estar-brincando
se, com vinte e poucos anos, você chama os amigos para ir à Pinacoteca ver
a exposição do Matisse. Se Nova Iorque nunca dorme, tampouco dorme São
Paulo. Aliás, São Paulo no máximo tira uma soneca, porque dormir exige
tempo, e tempo, você sabe, é dinheiro.

Se tem uma coisa que pode resumir meu primeiro ano de São Paulo, é dizer
que, aqui, você cresce. Você cresce porque São Paulo te faz querer mais, te
faz querer ser melhor. De repente você acha que todo mundo está mais bem
preparado, trabalha mais, tem mais. E você quer ser assim também, mais - e
melhor.
Mas, se São Paulo te faz querer viver mais, o Rio te faz querer viver pra
sempre...